segunda-feira, 24 de maio de 2021

Tributo ao meu cão

 Estamos no terceiro dia deste que foste embora para um sítio onde já nada dói, onde vês, ouves, não tens dores em toda a tua coluna, dores na tua boca que te impedem de comer. Onde o stress e quiçá a própria dor fazem com que arranques o teu próprio pêlo, pêlo que perdeu todo o brilho, ganhou peladas e foi caindo. Como tu. Nos últimos seis meses perdeste toda a vontade que tinhas de viver. Já não ias até à sala, já não saltavas quando vias a trela ou vinhas até mim quando eu te acenava.



Começaste a ficar cada vez mais no mesmo sítio, confesso que achei estranho mas julguei que era por causa da proximidade da comida. Recusavas-te a sair debaixo da mesa e nem quando te comprei uma caminha fofa e macia tu saíste de lá. 



Quando te escovava ganias imensamente, quando te colocávamos trela acontecia o mesmo. Na rua perdias a noção do espaço e subir umas escadas já era uma tarefa dura porque não vias os degraus. Quando te pegava ao colo tinha que o fazer com cuidado porque a coluna doía. No último mês começaste a perder o controlo das tuas necessidades fisiológicas e foi nessa altura que comecei a ter consciências que os teus 18 anos estava definitivamente a pesar. Vi-me forçada a dar-te banhos quase diários porque muitas eram as vezes que não te levantavas quando tinhas vontade de fazer xixi. E isso não era vida. 


Há 10 anos, corria o início de 2011 e eu era uma recém-independente. Vi-te numa foto que contava a tua história. Uma menina de 8 anos deixada no canil municipal pelos donos. Das mais velhas do canil e por isso em risco eminente de eutanásia já que o canil, como sempre, está a rebentar pelas costuras. Falei com o P. que se mostrou reticente, vivíamos juntos havia pouco tempo e era uma grande responsabilidade. Pedi reforços e a resultou. Dois ou três dias depois combinámos ir buscar-te na minha hora de almoço quando a Rita me liga e diz "ammm, Diana, "ela" acabou de levantar a pata na roda do meu carro". Concluí que o pessoal do canil nem te tocou quando lá entraste... Naquele momento o meu maior problema foi ter que devolver todo o stock de rosas e brilhantes que tinha já em casa... 


Vieste connosco e passaste os primeiros tempos de costas para a parede, não dormias, estavas sempre atento e demorou tempo a ganhar a tua confiança. Nesse mesmo ano levamos-te de férias e percebemos logo que além de seres um amigo que deixava transparecer o trauma que tinha detestavas água, areia, e tudo o que te tirasse o sossego. 

Dormiste comigo no sofá, aos meus pés na minha cama. Mudámos para uma casa maior com espaço para ti e para o Reef que chegou meses depois. Assististe à forma como mandei à merda todos os vizinhos que implicaram, e implicam, connosco porque temos dois cães. Viste a Mafalda nascer e mais tarde acompanhaste a chegada da Bia e dormiste ao lado do berço dela.


Na semana passada quando comecei a tomar efetiva consciência do teu estado levei-te ao médico com o pensamento de que não te tinha tirado do canil municipal há 10 anos para agora te ver definhar enquanto ganias com dores, comias cada vez menos e urinava sobre ti mesmo. Levei-te ao médico na esperança de conseguir validação para aquilo que sentia, para saber o que seria melhor a fazer sempre com a certeza de que a tua dignidade estaria acima de tudo. Mas não. Vim de lá contigo e com uma enorme sensação de injustiça, de aproveitamento comercial daquilo que deveria estar acima de tudo, amor e respeito pela vida de um animal. Quiseram encher-te de medicamentos que a única coisa que fariam seria prolongar o teu sofrimento, disseram-me por meias palavras que tínhamos a obrigação de fazer com os animais o mesmo que fazemos connosco, tentar ajudar antes de pensar naquela coisa que é a última decisão. Saí de lá com sensação de que estava a ser acusada de me querer livrar de ti, que não queria cuidar-te e dar-te aquilo que poderia salvar-te. Foi nesse momento que pensei que se eu, humana, vivesse com dores constantes, não conseguisse ver ou ouvir, não conseguisse comer e passasse os meus dias a olhar para o nada, eu humana saberia que queria descansar com dignidade.


Então procurei outra opinião, porque se os humanos (palavra que ouvi no primeiro consultório) têm direito a pedir segundas opiniões e porque a sensação de ter se terem aproveitado de nós não desaparecia, pedi ajuda e a ajuda foi-me dada. Expliquei o teu caso, contei a tua história toda e não vi, não ouvi nem senti olhares semicerrados, sobrancelhas levantadas nem um tom de voz seco e áspero como se eu quisesse cometer um crime. 

Levei-te a alguém que me deu compaixão, empatia e as várias opções disponíveis. Disse-me também que independentemente do tratamento a visão iria continuar a desaparecer, a audição não voltaria e todos os teus outros problemas tenderiam a agravar. Iriamos arrastar as tuas dores por mais uns meses, um ano quiçá e a tua dignidade iria continuar a descer.

Então tomei a decisão que nos pareceu a mais acertada. Não decidi sozinha. A pessoa que tinha à minha frente confortou-me, disse que te tinha dado vida durante 10 anos e que respeito também é isto. 


Encostei-te a mim, encostei a minha cara a ti, fiz-te festinhas e disse que ia passar tudo bem. Tu foste tranquilizando e partiste da mesma forma que entraste na minha vida. Junto a mim e com muitas festinhas.

Sei que não fui perfeita em tudo e peço desculpa por isso mas espero profundamente ter conseguido dar-te a dignidade, o conforto, o respeito e a paz que merecias.

Resta-me agora pedir-te que abraces a Diva e lhe digas que me despedi de ti com o amor que não foi permitido dar-lhe quando ela partiu. Porque não me deixaram fazê-lo. 

Esperem por mim, um dia destes voltamos a estar juntos ❤

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Às mães

Ontem, domingo, celebrou-se mais um dia da mãe. Mãe que é, ou deveria ser, um porto seguro, onde nos aquecemos, onde procuramos abrigo quando o mundo cá fora parece desabar. Existem mães inspiradoras que fazem das tripas coração para dar o melhor aos seus filhos, em muitas das vezes para darem aos seus filhos aquilo que elas próprias não tiveram.

Hoje escrevo às mães inspiradoras que me rodeiam, que me servem de exemplo todos os dias, que me ajudam a construir a pessoa que vou sendo e que me motivam a ser sempre melhor. Para mim e para as minhas filhas. 

Obrigada!

Às mães heroínas que não usam capa e que têm super poderes e que encerram em si a possibilidade de corar feridas de forma super rápida, sejam feridas na pele que curam com beijinhos, ou as feridas da alma que curam com abraços. 

Às mães que por força da vida se desdobram e cuidam da casa, dos filhos, do cão, que trabalham e pensam em tudo sozinhas porque o pai está a trabalhar a quilómetros e quilómetros de distância. São  capazes de nos dar o seu melhor sorriso mesmo que muitas vezes estejam exaustas e cheias de vontade de chorar. Afagam os seus filhos e entregam-se a eles como que um ninho onde é possível encontrar conforto, mimo e amor, muito amor. São mães capazes de gerir tudo sozinhas como se fossem malabaristas cheios de experiência. Podem ter pouco tempo para elas próprias mas mesmo que estejam despenteadas, com olheiras e cansadas iluminam qualquer sala onde entram!

Às mães que lutam com bravura contra as mudanças que a vida muitas vezes traz e mesmo que isso doa na alma continuam a dar o seu melhor aos filhos, continuam a sorrir-lhes mesmo que se sintam desfeitas por dentro. Que têm os seus filhos como máxima prioridade tentando rodeá-los de amor como se fossem uma coruja que com as suas asas cerca a sua cria de forma a que esta sofra o mínimo possível. São mães-exemplo de quem os seus filhos falam todos os dias com um orgulho enorme. Aquelas mães que têm a calma na voz mesmo quando precisam de ser mais assertivas. Têm sempre a palavra, indicam-nos por onde ir e arranjam sempre uma solução para as questões que nos surgem. Criam filhos capazes de sonhar com tudo aquilo que desejarem, mostram-lhes que podem ser no mundo aquilo que quiserem. Ensinam-lhes a empatia, o respeito e que o amor é o motor para tudo.

Às mães que salvam vidas, seja de forma figurativa ou quando seguem os seus sonhos e fazem do ato de cuidar do outro a sua motivação diária! Que para cuidarem de todos nós se coíbem muitas vezes de estar presentes em momentos especiais. Mas que saibam que são elas o maiores exemplos de compaixão e respeito pelo outro, que podem dar aos seus filhos. Há lá maior prova de amor que dar aos outros tudo aquilo que temos, mesmo nas alturas em que se sentem mais cansadas,

Às mães, desta vida e de outras, que colocam nas mochilas dos seus filhos bilhetinhos com notas que sabem com toda a certeza que irão fazer a diferença. Que os ensinam a respeitar os outros mas ao mesmo ensinam a necessidade de também eles se fazerem respeitar. Que estão sempre presentes nos momentos mais importantes mesmo que nem sonhem como aquela frase que disseram fez diferença, para muito melhor.

Às mães que deixaram o conforto do seu país, que procuraram um novo local para viver com o foco único de proporcionar uma vida e um futuro melhor aos seus filhos. Mesmo que isso muitas vezes signifique a incerteza de não saber o amanhã, ou aquilo que a vida lhes reserva.  Mães que acolhem, que dão colo e carinho. Aos dela e aos de fora. 

Às mães que cuidam dos seus filhos enquanto as lágrimas lhe escorrem do rosto por terem à sua frente uma dura realidade e todos os dias terem que lutar para lhes fazer frente, mesmo que por dentro estejam destroçadas.

A estas e a todas as outras, que são amigas, que são colo e porto seguro.

Obrigada por serem mães inspiradoras!

Feliz dia, ontem, hoje e sempre!

Imagem Bluebird Joalharia


quinta-feira, 29 de abril de 2021

Mi Smart band 6

Este ano e após a abertura de um novo ginásio na cidade decidi fazer um "pimp my body" e siga para a frente. Como gruppie dos produtos xiaomi que sou, comecei a namorar uma das pulseiras da marcas quando fiquei a saber que ia ser lançado o modelo mais recente. Dado que a diferença de valores não era nada por aí além, esperei que entrasse em pré venda e fiz a compra. O mais porreiro nesta band é que mesmo que não pratiquem nada além do mappling (arte milenar de alapar o traseiro no sofá de forma perfeita) a mi band 6 ser-vos-á útil na mesma.

Recebi-a hoje juntamente com uma lâmpada noturna com sensor de movimento que também comprei (falarei mais tarde porque à partida parece-me uma ótima opção para quem tem crianças). 

Chegou então dentro de uma caixa simples mas bonita e sinceramente fiquei bastante curiosa, não só por ser a primeira vez que uso algo do género mas por existirem algumas criticas que dizem não valer o dinheiro se comparada com a sua antecessora.




A caixa é composta pela band que traz a pulseira em preto (podem depois comprar de outra cor e trocar, o manual traz indicações sobre como o fazer), um cabo carregador que podem ligar um carregador usb ou a um computador e que por ser magnético se liga na perfeição à pulseira para fazer o carregamento. A pulseira vem descarregada pelo que antes de a usarem devem carregar.


O manual traz um qr code para que possam fazer o download da aplicação (chama-se xiaomi wear) e podem aproveitar o tempo em que a band carrega para instalarem a app no vosso telemóvel. 




Podem ir vendo a percentagem de bateria tocando no ecrã (é também assim que ativam a band). O carregamento foi relativamente rápido e passei de seguida ao emparelhamento da band à aplicação.  


Tive necessidade de repetir este procedimento porque estava a receber a informação de não ser possível verificar a assinatura. Quando sentirem a pulseira vibrar a primeira vez, olhem para ela e validem o emparelhamento. Não façam como eu que ignorei este passo sem depois perceber o motivo do erro que surgia na aplicação 😂

Entretanto estava a surgir a informação de impossibilidade de sincronizar e fui às opções da própria band e fiz reposição das definições de fábrica, voltei a emparelhar e ficou resolvido.

A band tem imensas funções desde relógio despertador, medidor de oxigénio, batimentos cardíacos e até um exercício de respiração que prometem acalmar o batimento cardíaco dos mais stressados (sei de pelo menos duas pessoas que iam adorar o exercício de respiração). Ah, tem também opção de medição de stress (vamos esperar que não lance alertas naqueles dias em que me passo da cabeça 😁). 

Eu num stress suave fofinho (divide-se entre relaxado, suave, moderado e severo).

Para as senhoras traz a possibilidade de inserir informações sobre o ciclo menstrual. Podem também controlar a música que está a ser tocada no telemóvel (opção jeitosa para a música escutada nos treinos sem que tenhamos que pegar no telemóvel para gerir o que estamos a ouvir)

Na volta que dei aqui ao quarteirão também me parece que as medições foram feitas corretamente e sem grande dificuldade. Na própria pulseira podemos escolher o exercício que vamos fazer de forma a que o registo seja o mais fidedigno possível.

Em suma:

Pontos positivos:

  • Número de funcionalidades
  • Ecrã generoso e que permite uma simples visualização
  • Navegação na band é muito simples e intuitiva
  • A aplicação é de fácil utilização
  • Relação preço-qualidade bastante positiva
Pontos de melhoria:
  • Incluir gps é fundamental já que permitira que não tivéssemos que andar com o telemóvel se assim não desejássemos. 
Comprei-a ainda na pré-venda na @MistorePortugal pelo valor de 44.99€ (ao contrário do que já fez, a marca não aplicou qualquer desconto na pré-venda) e podem encontrá-la aqui.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

"Mulher séria não tem ouvidos"

 Este é aquele assunto sobre o qual nunca me vou fartar de falar. Porque continuamos a precisar de informação, precisamos de continuar a desmistificar que a vítima não é a culpada do assédio e que usar uma blusa decotada, ou uma mini saia não dá o direito a ninguém de vomitar seja aquilo que for.

Não vi a entrevista da Sofia Arruda ao Daniel Oliveira mas pelos comentários que fui lendo durante o fim de semana constatei mais uma vez que ainda estamos muito aquém daquilo que era suposto. E sabem o que me assusta mais? É que os comentários mais atrozes são feitos por mulheres, são feitos por mães, tias, avós onde a informação que querem passar é que a culpa do assédio sexual é nossa. Nos últimos dois dias li coisas como "querem ser faladas então inventam de tudo", "se é verdade porque não denunciou na altura?" "porque é que não diz o nome de quem a assediou?". Só me ocorre uma palavra para classificar isto. Nojo.

Porque é que a vítima tem que ser sempre a culpada, porque é que as questões são colocadas a quem sofreu? Porque é que duvidamos em vez de apoiarmos e mostrarmos empatia? Estamos a ensinar as nossas meninas a não falarem caso isto lhes aconteça, porque provavelmente vão questioná-las, vão perguntar que sinais deu quando não existem sinais que justifiquem a invasão do nosso espaço. 

A Sofia teve a coragem de se expor e contar a sua história ainda que sem referir nomes, a Sofia precisa de saber que é apoiada e que tem pessoas do lado dela, sobretudo mulheres. E se não for assim de que nos vale falarmos de feminismo se quando as mulheres precisam das mulheres são empurradas para baixo?

Já ouvi frases, uma dirigidas a mim outras em contexto de conversa, que enquanto mulher e mãe de duas meninas me magoaram. "Mulher séria não tem ouvidos", "não estou para ouvir falar da minha filha como ouço falar das outras por isso não usas essa saia", "se sais assim vestida é porque estás a querer provocar", "estás a pedi-las, depois não queixes". 

E sabem porque é que me magoa? Porque eu deveria ter uns 10 anos quando comecei a ser vítima de assédio sexual. Eu era uma criança e ouvi as coisas mais nojentas que possam imaginar e que me cortam o coração só de as lembrar. Ouvi coisas que ninguém deve ouvir, fui convidada várias vezes a ir a casa dele. Contei, contei a quem pude, os vizinhos também sabiam. Sabem quem acreditou em mim? Ninguém. Ninguém acreditou em mim porque "o que é que um homem com aquela idade iria querer contigo", "tu implicas com o homem e agora estás a inventar isso, ele até é simpático e está sempre a dar fruta das árvores dele". Ele tinha idade para ser meu avô. Era porco e ainda hoje consigo sentir nojo dele e tudo aquilo que me disse.

Sabem o que é que a ex mulher dele disse? Que ele era capaz disso e de muito mais. Sabem quem passou a acreditar? Ninguém.

Anos depois um chefe passou a mão nas minhas costas, pedi-lhe que não o voltasse a fazer. Sabem o que aconteceu? O meu contrato não foi renovado.

Portanto, validem as denúncias que vos são feitas. Estejam atentos aos sinais que vos são dados e que possam indiciar algo que não é normal mas acima de tudo, por favor não ignorem a denúncia de uma criança.

Apoiemos as "Sofias" que por aí andam e que muitas vezes não denunciam porque não se querem expor com receio de serem julgadas e descredibilizadas. 

Eduquem as vossas filhas de forma a que ninguém as faças pensar que aquele toque que as deixa desconfortáveis é normal e faz parte do crescimento. 

Eduquem os vossos filhos de forma a que também eles denunciem, porque este assunto não exclusivo de meninas, a que apoiem a colega que lhe contou algo que não parece normal. Ensinem os vossos filhos a respeitar.

Eduquemos os nossos filhos que o assédio não é normal.

E por último, sejam mulheres que apoiam mulheres.

foto google


sexta-feira, 16 de abril de 2021

"Quem matou Sara" - O novo sucesso da Netflix

 Todos sabemos que a Netflix tem estando na vanguarda das séries de maior sucesso. Quem é que não anseia pela 5ª e última temporada (ou derivada) "Vis a Vis",  "La casa de Papel" ou mais recentemente "Lupin"?

Há umas duas semanas deitei os olhos na série que estava no topo das preferências "Quem matou Sara" e pessoas, posso dizer-vos que a vi em dois ou três dias. Os episódios têm uma duração adequada e são altamente viciantes.

Ora, a série leva-nos ao enredo de um homicídio de uma jovem, a Sara. Num dia solarengo a jovem foi dar um passeio de barco com o seu namorado, o irmão e outros amigos quando decide experimentar o novo parapente. Já lá bem no alto, as cordas rebentam e o resto já vocês sabem, Sara cai na água e apesar de ter sido levada ao hospital acaba por morrer. Ou será que não?

O seu irmão é condenado a cumprir pena de prisão após ter sido dado como culpado e na prisão prepara o seu plano de vingança contra aqueles que para ele são os culpados da morte da inocente Sara. Será assim tão inocente? 

Poderia ser apenas mais uma série se não existissem reviravoltas brutais e se pelo meio não fossemos descobrir outros detalhes igualmente importantes. Se ao inicio conseguimos ter um leque de possíveis culpados que nos parece certeiro a temporada encerra com a ideia de que Sara poderá não ser quem nós, e o seu irmão, julgamos.

Estou aqui desejosa de vos dar mais detalhes mas iriam terminar em spoilers. O que vos posso aconselhar é: vejam, a sério, vejam. O feedback que tenho tido de pessoas que viram é que estão absolutamente envolvidos com a série.

Há já a confirmação da segunda temporada da série mexicana (esta informação surge no fim da primeira temporada) e mal posso esperar. Sites brasileiros indicam 19 de Maio mas infelizmente já não seria a primeira vez que se dá a estreia em vários países, em alturas diferentes. 

Vejam a série! É óptima!!!



segunda-feira, 12 de abril de 2021

Não é não

 Comecei a trabalhar a sério aos 18 anos, antes disse ia tendo umas coisas pontuais que me permitiam ganhar dinheiro e comprar as minhas roupas, os meus sapatos e etc.

Já fui vítima de assédio, já tive um chefe que me passou a mão por cima e que me despediu porque não dei troco.


Por trabalhar em atendimento ao público tenho uma porta aberta, não posso recusar quem quiser entrar. Então de vez em quando lá aparece um otário qualquer a meter conversa e eu continuo a ficar apreensiva. Mas nada parecido ao que senti na última quinta feira. 


Tinha saído do WC e por esse motivo a porta estava fechada. Vejo um indivíduo a pedir para entrar e abro a porta. Faz-me perguntas sobre um artigo exposto e diz que está a ter um dia super azarado porque o carro avariou (passavam das 10h e eu já o tinha visto passar algumas vezes), olhava-me fixamente, olhava fixamente para o espaço. Pergunta-me o nome, se sou da cidade, se o "negócio" corria bem, se estávamos a faturar muito. Não respondi. Pergunta-me a idade. Disse-lhe que aquela conversa não tinha qualquer nexo e pedi que saísse. Ele saiu. Até às 13h estive sempre num sufoco.


Deve ter passado mais de 10 horas à porta, chamei o vigilante, ele fez conversa aleatória com o vigilante e com várias pessoas que iam passando. 


Fechei a porta.


Eram 12h e ele pediu-me que abrisse a porta, eu disse que estava a trabalhar e não podia abrir. Ele subiu o tom e voltou a pedir que abrisse a porta e eu voltei a dizer que não. Disse-me que queria falar comigo, que queria saber o meu nome, eu voltei a dizer que ia abrir. Ele forçou a porta e eu vi as coisas a ficarem complicadas, abriu bem os olhos e foi embora. Passou mais umas quantas vezes.


Chamei companhia para almoçar, ele passou por nós e disse boa tarde como se nada fosse. Passou pela mesa mais uma série de vezes.


Por volta das 15/16h passou finalmente para o tal carro que tinha avariado. Acenou-me e foi embora.


E sabem o que é mais incrível? É que dei por mim a pensar "ok tens medo e o medo é um mecanismo de reação, de defesa mas e se uma das tuas filhas estivesse aqui o medo também te faria retrair?"


No imediato respondi a mim mesma que não. 


Naquele dia tive medo. Medo.




sexta-feira, 9 de abril de 2021

Uma questão de empatia

 Há dois dias, enquanto a ajudava com o banho, dizia-me muito triste que tinha tido "bolinha" amarela. Quando lhe perguntei o que tinha corrido menos bem no dia disse-me que não sabia. 

Expliquei-lhe que é normal termos dias menos bons, em que temos mais dificuldade em estarmos concentrados e que também é normal existirem dias em que sentimos mais vontade de conversar. Disse-me que a bolinha amarela tinha sido coletiva porque estavam a conversar enquanto um dos colegas apresentava um trabalho. A Mafalda tem 6 anos e está no primeiro ano. Conversei um pouco com ela sobre a necessidade imperativa de respeitarmos o outro, que o facto de estarem todos a conversar era desrespeitoso para com o colega ainda que eles não tivessem essa intenção. Tentei que ela se colocasse no lugar do outro imaginando-se a apresentar o seu trabalho a um grupo que estava a conversar e não lhe dava atenção. 

Sou a favor desta medição de comportamento, seja através de cores ou de expressões. Porque eles necessitam de ter a noção de como se comportam (a Mafalda opta muitas vezes por não dizer a sua opinião sobre o próprio comportamento com receio que a professora tenha uma opinião contrária) para que possam trabalhar os aspetos menos positivos, sempre com a noção da idade e da dificuldade em gerir as necessidades naturais que vão sentindo. Ainda assim tento não dar demasiada importância, falo com ela, incentivo-a a colocar-se no lugar do outro (seja um colega ou a professora) e tento que ela mesma sinta a necessidade de melhorar o comportamento. Parece ter melhorado e no dia seguinte já voltou ao verde que ela tanto gosta.

Esta minha forma de ver o percurso dela aplica-se também às percentagens dos testes de avaliação. Claro que fico feliz quando vejo óptimas notas mas não as sinto como uma necessidade, foco a minha atenção naquilo que poderá estar menos bem de forma a poder trabalhar e corrigir esses aspetos.

Se nas aprendizagens até tem sido relativamente simples, a professora é excelente aliando a descontração ao rigor e estou imensamente feliz por nos termos cruzado com ela, já o comportamento em casa tem sido mais desafiante. Quando lhe demos o nome associei de imediato à boneca e acho que se fosse de propósito não tinha saído tão bem já que questiona tudo e tenta levar a dela avante. 

Não me parece mau de todo que o faça (porque sinceramente faço o mesmo quando acredito que tenho razão ou quando acho que não me explicam as coisas de forma decente🙄) mas bolas que às vezes é imensamente cansativo. 

Incutiram em mim coisas como: "não dês colo que se habituam mal", "tanto mimo, vão ficar mimados", ensinaram-me que se desarruma o quarto tem que o arrumar sozinha, que as meninas brincam com bonecas e os meninos brincam com carros, que se andarmos com uma saia curta podemos ouvir coisas que não gostamos e a culpa é nossa.

Sabem o que faço com as minhas filhas? Faço tudo ao contrário, tudo ao contrário do que me disseram para fazer. Porque dar muitos miminhos não faz mal, o que faz mal é a criança não se sentir amada. Quando a Mafalda me pede ajuda para a arrumar o quarto, por muita vontade que às vezes eu possa ter de lhe dizer "desarrumaste, agora arruma", vou lá e ajudo porque muitas vezes fico só lá e ela arruma tudo sozinha. Ainda assim este é um processo que se vai trabalhando e eu ainda o estou a trabalhar.

 Dou colo, muito colo, dou muitos beijinhos e muitos abraços, ao ponto de serem elas a afastarem-me. Tento sempre meter-me no lugar delas, nunca esquecendo que sou eu a mãe e há linhas que não devem ser ultrapassadas. Sou amiga mas antes da amiga sou a mãe.

 De há uns anos para cá tenho vindo a treinar a empatia com elas, seja metendo-me no seu lugar e pensar como é que eu gostaria que o meu adulto de referência agisse comigo, seja ensinando-as (com a mais pequena ainda é difícil) a colocarem-se no lugar do outro e tentar sentir o que aquele colega está a sentir.

É difícil mas é bom, às vezes leva-me à exaustão porque não me sinto no direito de lhe responder justificando as minhas escolhas com "porque eu é que mando" ou "porque a mãe sou eu". Não é fácil mas depois de começar a ver os resultados é tão bom, uma espécie de dever quase cumprido (bem sei que o nosso dever na educação dos filhos prolonga-se imenso no tempo).

Costumo dizer que não mando naquilo em que as minhas filhas se vão tornar quando crescerem, mas quero ter certeza que aconteça o que acontecer eu dei o meu melhor e fiz tudo o que podia e sabia para que elas fossem pessoas melhores.



quarta-feira, 7 de abril de 2021

Falemos de saúde mental

 No dia mundial da saúde importa falar do seu parente pobre em portugal, a saúde mental. 

Considerada por muitos ainda um tabu em grande parte por serem dores que se sentem, muitas vezes até mais que as físicas, mas não se conseguem ver continuam a ser desvalorizadas sendo que os apoios ao seu tratamento continuam a ser precários. 

O serviço nacional de saúde dispõe de um número de psicólogos claramente inferior ao que seria necessário e aqueles que lá estão trabalham muitas vezes com poucas condições e com a sensação de não conseguirem dar o melhor aos seus pacientes.

Quem fala da área da psicologia fala também da área de psiquiatria, onde as consultas são poucas, altamente espaçadas no tempo e dadas quase "em cima do joelho" porque a procura é muito superior que a oferta.

Segundo uma análise feita pelo "Mundo Ageas", pertencente à seguradora com o mesmo nome, no mês de Janeiro houve um aumento da procura de consultas de psicologia na ordem dos 289% face a Dezembro de 2020. 

Os dados são claros, o segundo confinamento levou a que um número vasto de pessoas procurasse apoio junto de profissionais. Ainda assim a maioria deste apoio é alcançado a titulo pessoal já que o serviço público não dá resposta. 

O ser humano é um ser naturalmente social, necessita de interagir, de conviver e de andar na rua. Após um ano de 2020 com vários meses de confinamento em que a larga maioria de nós ficou em casa, tenha sido em teletrabalho, por encerramento das escolas ou ambos, foi possível ir desconfinando, muitos de nós gozaram umas férias mas mal tínhamos voltado a respirar com mais alguma folga, voltámos a um novo confinamento. E é claro que todo este turbilhão de mudanças tem que causar dano. Juntando a isto perdemos vidas num número tão elevado que nunca imaginámos. E se a este facto juntarmos meses de isolamento social, restrições mais ou menos apertadas e a falta dos afetos, o resultado pode ser uma bomba prestes a explodir a qualquer momento.

Ansiedade, ataques de pânico, medo do futuro foram alguns dos sintomas que surgiram. E luto, surgiram muitos processos de luto.

Falemos então do luto em pandemia. O luto é um processo complicado, difícil de ser vivido e gerido mas que pode ser saudável ou não. É um processo pelo qual teremos sempre de passar quer queiramos quer não. Se num mundo antes "normal" existia sempre a possibilidade deste luto não ser feito de forma adequado e se poder transformar em algo cada vez mais doloroso e até perigoso para o próprio, num ano de pandemia o processo ganha todo um peso extremamente difícil de carregar. Em Março de 2020 quando começaram a surgir os primeiros casos e as normas mandavam que os funerais fossem cada vez mais restritos sendo que o funerais cujos óbitos tinha sido por covid eram autênticos funerais relâmpago, assistimos a inúmeros processos de luto que ficaram "pendurados" porque não houve uma despedida. Apesar de atualmente a norma ter mudado, existem rituais que não foram retomados como a possibilidade de tocar, de estar próximo, atos estes tão nossos e tão entranhados na nossa cultura.

Há um ano começavam a nascer as dúvidas sobre quem seria realmente a pessoa na urna já que esta não seria aberta em momento algum e esta não confirmação, esta não visualização do corpo aumenta a dificuldade de transição da fase de negação tão característica do processo lutuoso. 

Importa então quebrar tabus, quebrar barreiras. A dor emocional, psicológica deve ser tão valorizada quanto a dor física. Ao contrário do que ainda se ouve dizer, quem procura um psicólogo não é "maluco" mas sim consciente de que o seu bem estar emocional é tão importante como o bem estar físico. 

De forma a ser um apoio, a ordem dos psicólogos portugueses apresenta hoje o novo portal "Eu sinto.me" onde disponibiliza informação e recursos relacionados com a saúde psicológica. 

É um portal direcionado a todos nós estando disponível todos os dias, 24h por dias. Neste mesmo portal poderão encontrar a ANA, uma assistente virtual que tem como intuito propor informação adequada aquelas que são as nossas necessidades. 

Estima-se que após a pandemia de Covid-19 possamos estar perante uma nova pandemia, mais silenciosa e igualmente mortal, a pandemia da saúde mental.

Importa então (re)lembrar:

Se não se sente bem, procure ajuda de um profissional.

Esteja atento/a aos sinais de que algo não está bem consigo e sobretudo não sinta vergonha. 

💓

Imagem:


terça-feira, 6 de abril de 2021

Loja online Primor

 Há já algum tempo que descobri a loja primor online. Apesar de ter já loja física em Portugal continuo a comprar online e até à data não tive nenhum problema com a marca. Já aconteceu vir um produto trocado e pediram-me que fotografasse para que enviassem o correto. Sem problemas. 

No que diz respeito a cosmética, alguns aromas para a casa e artigos de higiene (incluindo fraldas) compro por lá porque além dos preços serem bastante competitivos o serviço é bom e dentro da embalagem vem sempre um miminho (tenho recebido um pacotinho de gomas).

Desta vez encomendei algumas fraldas, que entretanto entraram em promoção em Portugal e ficaram ao mesmo preço que as que comprei, um pó compacto que não posso dispensar por ter a pele oleosa, entre outros.

Mas sabem o que gosto verdadeiramente?

Os artigos de lar da Don Algodon. Bolas, o perfume já era óptimo, com um preço impecável, depois descobri os ambientadores de roupeiro e o de carro. Só posso dizer que adoro. O aroma a bebé é o meu preferido (há também o aroma normal) e é super duradouro. Na próxima encomenda vou experimentar o mikado que sinceramente não duvido que seja igualmente excelente.

Aproveitei também e comprei em um pack de duas embalagens de água micelar Garnier que a minha pele não dispensa, seja de noite quando retiro a maquilhagem ou de manhã para limpar a pele e prepara-la para uma nova carga de base 🙄

Encomendei também tinta para o meu cabelo que pinto de preto desde sempre e sinceramente já não vejo com outro tom (e já tive madeixas loiras...durante um mês 😂). O valor das colorações é substancialmente inferior ao praticado em Portugal e podem encontrar várias marcas.

Já compraram na primor online? Os portes de envio são grátis a partir dos 25€ e se for mais conveniente podem pagar contra-reembolso mediante uma pequena taxa.

Se tiverem interesse podem visitar o site aqui



segunda-feira, 5 de abril de 2021

A palmada não educa, destrói

 Dramático? Nem por isso.

Nos dias que correm, dar um estalo ao marido/mulher, namorado/namorada ao pai ou mãe é considerado violência doméstica. Ainda assim dar uma palmada numa criança continua a ser considerado um ato de educação. "Também apanhei e não morri", "uma palmada na altura certa faz a diferença".

Não faz. A palmada não educa, fragmenta. A palmada não traz respeito, traz medo, traz desconfiança e insegurança. Estaria a ser uma falsa moralista se escrevesse que nunca dei uma palmada nas minhas filhas, dei, e senti-me uma merda cada vez que o fiz, tal como me sinto uma merda quando lhes levanto a voz. Acredito e defendo que a palmada, o grito, tem mais efeito em nós do que nos nossos filhos. A nós alivia-nos e dá a falsa sensação de correção, já a eles tem o efeito contrário. Magoa, provoca medo e retração nos comportamentos. 

E sei bem do que falo, porque apanhei muito e sei bem o efeito que a tal palmada educativa teve. Porque um dia essa palmada deixa de ser suficiente, porque eles crescem, e passa a algo maior. 

Eduquemos então pelo exemplo, porque as crianças são muitas vezes o espelho dos pais e das ações que têm e observam em casa. Não poderemos nunca ensinar uma criança a não levantar a mão a um amigo "não se bate no amigo", quando nós próprios corrigimos o seu comportamento com palmadas.  

Bateríamos no nosso marido/mulher? 

Então porquê bater nos nossos filhos?

Sejamos para eles ainda melhores do que foram para nós 💓