quarta-feira, 7 de abril de 2021

Falemos de saúde mental

 No dia mundial da saúde importa falar do seu parente pobre em portugal, a saúde mental. 

Considerada por muitos ainda um tabu em grande parte por serem dores que se sentem, muitas vezes até mais que as físicas, mas não se conseguem ver continuam a ser desvalorizadas sendo que os apoios ao seu tratamento continuam a ser precários. 

O serviço nacional de saúde dispõe de um número de psicólogos claramente inferior ao que seria necessário e aqueles que lá estão trabalham muitas vezes com poucas condições e com a sensação de não conseguirem dar o melhor aos seus pacientes.

Quem fala da área da psicologia fala também da área de psiquiatria, onde as consultas são poucas, altamente espaçadas no tempo e dadas quase "em cima do joelho" porque a procura é muito superior que a oferta.

Segundo uma análise feita pelo "Mundo Ageas", pertencente à seguradora com o mesmo nome, no mês de Janeiro houve um aumento da procura de consultas de psicologia na ordem dos 289% face a Dezembro de 2020. 

Os dados são claros, o segundo confinamento levou a que um número vasto de pessoas procurasse apoio junto de profissionais. Ainda assim a maioria deste apoio é alcançado a titulo pessoal já que o serviço público não dá resposta. 

O ser humano é um ser naturalmente social, necessita de interagir, de conviver e de andar na rua. Após um ano de 2020 com vários meses de confinamento em que a larga maioria de nós ficou em casa, tenha sido em teletrabalho, por encerramento das escolas ou ambos, foi possível ir desconfinando, muitos de nós gozaram umas férias mas mal tínhamos voltado a respirar com mais alguma folga, voltámos a um novo confinamento. E é claro que todo este turbilhão de mudanças tem que causar dano. Juntando a isto perdemos vidas num número tão elevado que nunca imaginámos. E se a este facto juntarmos meses de isolamento social, restrições mais ou menos apertadas e a falta dos afetos, o resultado pode ser uma bomba prestes a explodir a qualquer momento.

Ansiedade, ataques de pânico, medo do futuro foram alguns dos sintomas que surgiram. E luto, surgiram muitos processos de luto.

Falemos então do luto em pandemia. O luto é um processo complicado, difícil de ser vivido e gerido mas que pode ser saudável ou não. É um processo pelo qual teremos sempre de passar quer queiramos quer não. Se num mundo antes "normal" existia sempre a possibilidade deste luto não ser feito de forma adequado e se poder transformar em algo cada vez mais doloroso e até perigoso para o próprio, num ano de pandemia o processo ganha todo um peso extremamente difícil de carregar. Em Março de 2020 quando começaram a surgir os primeiros casos e as normas mandavam que os funerais fossem cada vez mais restritos sendo que o funerais cujos óbitos tinha sido por covid eram autênticos funerais relâmpago, assistimos a inúmeros processos de luto que ficaram "pendurados" porque não houve uma despedida. Apesar de atualmente a norma ter mudado, existem rituais que não foram retomados como a possibilidade de tocar, de estar próximo, atos estes tão nossos e tão entranhados na nossa cultura.

Há um ano começavam a nascer as dúvidas sobre quem seria realmente a pessoa na urna já que esta não seria aberta em momento algum e esta não confirmação, esta não visualização do corpo aumenta a dificuldade de transição da fase de negação tão característica do processo lutuoso. 

Importa então quebrar tabus, quebrar barreiras. A dor emocional, psicológica deve ser tão valorizada quanto a dor física. Ao contrário do que ainda se ouve dizer, quem procura um psicólogo não é "maluco" mas sim consciente de que o seu bem estar emocional é tão importante como o bem estar físico. 

De forma a ser um apoio, a ordem dos psicólogos portugueses apresenta hoje o novo portal "Eu sinto.me" onde disponibiliza informação e recursos relacionados com a saúde psicológica. 

É um portal direcionado a todos nós estando disponível todos os dias, 24h por dias. Neste mesmo portal poderão encontrar a ANA, uma assistente virtual que tem como intuito propor informação adequada aquelas que são as nossas necessidades. 

Estima-se que após a pandemia de Covid-19 possamos estar perante uma nova pandemia, mais silenciosa e igualmente mortal, a pandemia da saúde mental.

Importa então (re)lembrar:

Se não se sente bem, procure ajuda de um profissional.

Esteja atento/a aos sinais de que algo não está bem consigo e sobretudo não sinta vergonha. 

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