sábado, 1 de outubro de 2011

Ser voluntário

Em ano de voluntariado é necessário lembrar algumas coisas sobre este tema. Digo eu :)

Ser voluntário voluntário não é dizer no grupo de amigos que ajuda uma determinada associação, não é dizer à família que faz boas acções nem tão pouco colocar no currículo porque a entidade patronal vai gostar.
Acredito que quem faz voluntariado nasce com esse bichinho no corpo. Ser voluntário implica sacrifícios, implica ter a noção de que seja em que tipo de associação for existe sempre alguém dependente de nós, quer seja um animal ou um ser humano. A expressão "sou voluntário" é bonita e cai bem seja onde for, menos bonito é o facto de muita gente se lembrar que este tipo de ajudas são necessárias ou porque lhes convém ou porque estamos numa época em que toda a gente o faz e a media chama a que tal seja feito.

Nasci com o bichinho do voluntariado, logo em miúda fiz, a título pessoal, um clube a que chamava "Clube dos animais" tinha uma revista que vendia juntamente com desenhos feitos por mim e por miúdos do bairro. Tinha sócios que a bem ou a mal davam uma moeda para poder comprar as folhas e os lápis. Andava na escola primária :)

A título pessoal, uns anos mais tarde, chegava a casa e dizia "MÃEEEEEEEE" e a minha mãe já sabia que havia brinde, um cachorro ou um gatinho, mais gatinhos, os gatinhos que encontrava debaixo de carrinhas e que levava para casa dando a desculpa ao meu pai de que era de uma amiga. Acabavam sempre por ficar.

Ao fim de muitas tentativas uma delas que hoje ainda me mói, o facto de ter sido simpaticamente "rejeitada" de uma associação, o porquê não sei mas não sou caso único, posso dizer que além do meu emprego, aquele que me dá um salário ao fim do mês, tenho um trabalho não remunerado financeiramente mas super bem pago em sorrisos e bem estar.
Pelo caminho ficam horas de sono perdidas, sentimento de nada poder fazer perante tristes situações, jantares que ficam a meio caminho, compromissos familiares deixados para trás. Pois é, ser voluntário implica fazer sacrifícios, implica sair de casa quando muitas vezes nos apetece ficar. Não é só no Natal, ou no ano em que a data é assinalada.

Não esquecer que temos a outra face da moeda, aquela em que somos acusadas, mal tratadas e muitas vezes acusadas de nos queremos evidenciar usando a causa. Isto tudo quando quem fala nem sabe de metade do que vai por tras. Digo isto porque mais do que uma vez ouvi "Os outros têm filhos, tu tens cães!" "Possa mas gostas assim tanto do que fazes?E o teu namorado não te diz nada?"
É para ignorar :)

Para ser voluntário é preciso ter vocação, não é uma actividade para quando o namorado não está disponível, para quando está a chover ou para quando ninguém nos atende o telefone. É para quando é necessário. É para quando é necessário a nossa ajuda. Eu, ao ser voluntária, dou tempo, atenção, amor, muito amor e dinheiro. Sim porque os carros não andam a água. Não me importo, porque sei ver um cão a rir (podem chamar-me tonta mas sei de três pessoas em particular que me entendem) porque vejo um olhar de agradecimento e um lambidela em sinal de gratidão.

Conhecem o caso do Jack? Conhecem o caso dos 3 de Sesimbra? Do Tommy? Da Íris? Da querida Julieta? Da Mimi? Do Rafa? Do Lord? Do Grande? Da linda Doce e da meiga Carlota?
Todos eles são animais que sorriem,agradecem,e à excepção dos que já têm famílias, lutam para que existam mais voluntários que possam salvar mais animais como eles.

Eu sou voluntária por vocação e você?

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